A floresta nacional é responsável pela ocupação de 36% do solo em Portugal, apresentando uma elevada diversidade, sem predomínio de uma espécie, sendo composta(1) por montados e povoamentos de sobreiro e azinheira (34%), pinhais (30%), eucaliptais (26%) e outras folhosas, nomeadamente carvalhos e castanheiros (10%), tornando-se o principal sumidouro de CO2 de que o país dispõe (natural e sem custos) e que poderá ser aumentado para enfrentar os desafios de descarbonização que atualmente enfrentamos.
Num país dominado por assimetrias regionais e pela desertificação do interior, a economia da floresta reúne um potencial ímpar de fixação das populações, nomeadamente no mundo rural. A atividade florestal é fundamental para se garantir o interesse dos proprietários em gerir e cuidar dos seus terrenos, contrariando a tendência de abandono do território e mitigando os riscos de incêndio inerentes aos espaços rurais sem gestão ativa.
Numa altura em que urge encontrar modelos de desenvolvimento sustentável, esta é talvez a melhor oportunidade para dedicar à floresta e aos seus agentes uma atenção com verdadeiro sentido de futuro.
A realização do potencial da floresta depende da união de esforços entre fileiras, envolvendo os diferentes agentes que atuam no setor florestal, como proprietários, associações de produtores florestais, prestadores de serviços ou fornecedores de madeira e produtos florestais, universidades ou politécnicos e, agora mais do que nunca, conjuntamente com o Estado.
Notas: (1) 6º Inventário Florestal Nacional (IFN6)
O Eucalipto e a Água
Apenas 0,3% da água utilizada pelas árvores é extraída com a madeira, sendo a restante libertada para a atmosfera, por evapotranspiração, ou conduzida para o solo, onde retoma o seu papel no ciclo hidrológico a nível global.
Na maioria dos solos portugueses o sistema radicular do eucalipto é superficial, 80% das raízes de Eucalyptus globulus encontram-se até uma profundidade de 40 a 80 centímetros. As raízes mais profundas têm sobretudo uma função de ancoragem.
O eucalipto destaca-se de outras espécies pela sua eficiência no uso de água, um menor consumo de água por cada m³ de madeira produzido (2x comparado com coníferas).
O Eucalipto e o Solo
As taxas favoráveis de crescimento do eucalipto, principalmente em condições de solos delgados, quimicamente pobres e relevo declivoso, permitem o desenvolvimento de perfis de solo mais férteis. Os materiais orgânicos depositados no solo são parcialmente transformados em matéria orgânica e os nutrientes novamente disponibilizados para as plantas, promovendo também a melhoria da estrutura do solo e o controlo da erosão.
A maioria dos nutrientes consumidos pelo eucalipto ao longo do seu ciclo de produção permanecem no local da plantação (50% a 70%), mesmo depois da exploração do povoamento, incorporando-se novamente no solo.
Os nutrientes que o eucalipto devolve ao solo demonstram a elevada eficiência desta espécie nos processos de reciclagem biogeoquímica e a baixa taxa de exportação de nutrientes ao longo dos sucessivos ciclos de cultivo.
O Eucalipto e as Espécies Invasoras
Eucalyptus globulus, presente na Europa desde 1770, foi a primeira espécie de eucalipto a ser plantada com sucesso fora da Austrália, o seu país de origem, tendo encontrado no clima temperado da Península Ibérica boas condições para se instalar. Em Portugal, desde que há registo, a data da primeira plantação de Eucalyptus globulus, remonta à década de 20 do séc. XIX, em Vila Nova de Gaia.
Nem Portugal, nem a Comissão Europeia consideram o eucalipto como uma espécie invasora. O potencial de disseminação do eucalipto é considerado “baixo” pela Comissão Europeia, dada a sua pobre capacidade de dispersão (principalmente dispersão por gravidade) e o seu baixo potencial de reprodução.
A regeneração natural do eucalipto é feita exclusivamente por dispersão lateral das sementes, limitando a disseminação no espaço. Árvores de grande porte, frequentemente designadas de sementões, tendem a contribuir de forma mais expressiva para a disseminação da regeneração do que povoamentos de produção bem geridos.
O Eucalipto e a Biodiversidade
10% - a área destinada à proteção e preservação da biodiversidade em habitats, fauna e flora, em plantações de produção de eucalipto sustentadas na certificação florestal.
A flor do eucalipto é uma das fontes de néctar para a produção de mel em Portugal, contribuindo para a preservação das abelhas. Floração do eucalipto no Inverno, em contraciclo, o que proporciona às abelhas alimento numa altura de maior escassez.
O Eucalipto e o Fogo
98% - A origem dos incêndios em Portugal está no fator humano, negligente ou criminoso. Os fatores de risco são as queimadas (limpeza de matos com fogo), o incendiarismo (fogo posto como ação criminosa) e o reacendimento.
Aquilo que distingue as espécies na sua propensão para arder é essencialmente a quantidade de combustível que acumulam acima do solo e a sua estrutura vertical e horizontal. Ou seja, a dimensão, a forma e a carga de combustível, mais do que a espécie de árvores.
Entre 2000-2022, o eucalipto foi responsável por ~18% da área ardida total (15% eucaliptal não gerido, 3% eucaliptal gerido) vs. matos e pastagens ~45% e pinheiro-bravo ~21%.
O Eucalipto e o Carbono
As plantações florestais possibilitam o enriquecimento dos solos em matéria orgânica, graças à biomassa vegetal que cai das árvores durante o seu crescimento e, no caso das plantações com exploração comercial, aos sobrantes do corte que permanecem no terreno após o corte.
Cerca de 50% do carbono orgânico total armazenado nas áreas florestais está retido no solo. O eucaliptal em Portugal permite aumentar em média 45% o valor da matéria orgânica ao longo de uma rotação.
O eucalipto sequestra anualmente mais de 7x o que sequestra o sobreiro e 3x o que sequestra o pinheiro-Bravo.
O Eucalipto como Matéria-Prima
O eucalipto é uma árvore com matéria-prima de excelência, tem elevada densidade, baixo teor de lenhina e teor de celulose alto.
Como consequência, face a madeiras de outras folhosas apresenta:
• Menor carga de químicos de branqueamento (20-70% menos de oxidantes);
• Maiores rendimentos de produção de pasta (5 a 10% superiores);
• Menores consumos específicos de madeira no processo (15 a 40% menos m3/tonelada de pasta produzida);
• Maior reciclabilidade (as fibras de eucalipto globulus conseguem providenciar mais 2 a 6 ciclos de reciclagem do que as fibras de outras árvores).
O Papel das Florestas Plantadas
7%
A área de plantações florestais (perto de 300 milhões de hectares) no total da área mundial de floresta, que garantem cerca de um terço da produção global de madeira industrial.
13%
A quantidade de madeira utilizada pela indústria da pasta e do papel no total da madeira extraída no mundo. A produção de energia absorve 50% e o setor da serração 28%.
Contributo Económico da Indústria de Base Florestal
O setor florestal representa aproximadamente 9% das exportações nacionais 2022. O cluster da Pasta e Papel representa 56% do total. A Navigator é responsável por 30% das exportações do sector Florestal, ou seja, cerca de 3% do total do país.
A floresta do eucalipto e as bioindústrias associadas:
+750M €
De VAB direto e ~3.000M € indireto anual (~2% total nacional) valores estimados para 2019
~5.500
Empregos diretos e +80.000 indiretos e induzidos na economia portuguesa;
~4.000 M€
De exportações anuais (~5% do total nacional) estimativa para 2022 com valor real YTD até novembro
+3.600M€
De investimento no território nacional entre 2000-2022 (considera investimento de expansão e manutenção)
~2.500 M€
De impostos e contribuições para a Segurança Social anuais (considerando as tributações pagas e coletadas das associadas Biond em 2022)