Fixação de carbono na floresta e nos produtos
As florestas são os ecossistemas terrestres com maior capacidade de sequestro e armazenamento de carbono, um elemento que retiram da atmosfera, através da fotossíntese, e acumulam ao longo do crescimento. Por isso, o seu contributo é determinante para a conservação da camada de ozono e consequente diminuição do aquecimento global, provocado pela libertação na atmosfera de gases com efeito de estufa (GEE). De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o stock de carbono na biomassa total da floresta mundial diminuiu nos últimos 30 anos – sobretudo devido à perda de área florestal para a agricultura e para a instalação de aglomerados populacionais.
Mas na Europa, segundo o relatório “State of Europe Forests, 2020”, que conta com o apoio técnico da FAO, o armazenamento de CO2 na biomassa florestal tem vindo constantemente a aumentar, muito por via das florestas plantadas: “A principal razão para as mudanças observadas é que o crescimento superou os cortes e a mortalidade”, lê-se no documento. Entre 2010 e 2020, a Europa dos 28 (a saída do Reino Unido da União Europeia só se deu a 31 de janeiro de 2020) tinha um stock de carbono, anual, de 439,9 milhões de toneladas de CO2, o que representa cerca de 10% do total bruto das emissões de gases com efeito de estufa durante o período correspondente.
Eficiência do eucalipto no sequestro de carbono
A quantidade e a taxa de acumulação deste carbono orgânico dependem de fatores como o clima, o relevo, as características do solo, a espécie florestal e o modelo silvícola adotado. Naturalmente, as espécies florestais que mais depressa crescem, como o eucalipto, mais dióxido de carbono consomem e acumulam nas folhas, na casca, na madeira e nas raízes. Sendo o solo o maior compartimento terrestre de armazenamento de carbono, existem estimativas de que em Portugal cerca de 50% do C orgânico total das áreas florestais está retido no terreno.
Um facto que resulta da queda das folhas durante o ciclo de crescimento, da incorporação dos sobrantes remanescentes do corte ou de quando a planta morre, e da atividade metabólica dos organismos que provocam a decomposição da vegetação. Também a este nível do solo existem diversos estudos que sugerem que existe uma proporção mais elevada de retenção de CO2 em povoamentos de E. globulus do que noutros ecossistemas. Um trabalho de referência realizado no sul de Portugal, e publicado em 2007 por J. S. Pereira e outros, concluiu que o eucaliptal – no caso concreto, gerido pela The Navigator Company na Herdade de Espirra, com uma produtividade de cerca de 10 metros cúbicos anuais por hectare – permitiu fixar 10 a 13 vezes mais carbono em anos secos e quatro a seis vezes mais em anos chuvosos do que o montado e a pastagem.
A fixação deste gás com efeito de estufa não se limita, no entanto, à área florestal. O carbono inicialmente sequestrado nas florestas plantadas é armazenado nos produtos com origem na madeira – como o papel ou bioprodutos produzidos a partir da biomassa do eucalipto e que substituem materiais de origem fóssil –, num ciclo que se prolonga através da reciclagem. Existem estimativas de que, por exemplo, cada tonelada de papel retém, em média, o equivalente a 1,3 toneladas de CO2.
Calculadora de sequestro de CO2
Verifique a capacidade de fixação de carbono da sua floresta através desta ferramenta comparativa de várias espécies florestais: https://produtoresflorestais.pt/calculadora-co2/
A título de exemplo, uma plantação com 1 hectare fixa:
Eucalipto – 11 toneladas de CO2 por ano
Pinheiro – 4 toneladas de CO2 por ano
Sobreiro – 2 toneladas de CO2 por ano
Artigo publicado originalmente na revista n.º 14, de junho de 2024, que pode descarregar aqui: https://produtoresflorestais.pt/quero-receber-a-edicao-da-revista-em-papel